Uma molécula biológica responsável pela pigmentação de seres vivos foi encontrada preservada em um fóssil de cerca de 110 milhões de anos na região do Araripe, região sul do Ceará. O fóssil é de um pterossauro, um tipo de réptil voador da “Era dos Dinossauros”.

Outros fósseis da mesma espécime já foram encontrados na Chapada do Araripe, mas, neste caso, a crista do animal foi preservada. A descoberta faz parte de um estudo publicado nesta segunda-feira (4), na revista científica Scientific Reports, do grupo Nature.

Artur Andrade, pesquisador do Escritório Regional do Departamento Nacional de Produção Mineral, explica que a descoberta faz parte “da continuidade de um trabalho que se vem fazendo em cima de uma placa calcária, que tem uma crista de um Tupandactylus”. Segundo o pesquisador, o material já serviu para outras pesquisas do campo: “esse já é o terceiro trabalho desenvolvido nessa placa”.

Os responsáveis pelo estudo são o paleontólogo Felipe Pinheiro, que atua na Universidade Federal de Pampa, no Rio Grande do Sul; Gustavo Prado, pesquisador do Instituto de Geociência da Universidade de São Paulo (USP); e o núcleo cearense, por meio do pesquisador Artur Andrade. Além disso, a equipe é composta, também, por cientistas de outros países, como Japão e Estados Unidos.

O fóssil em questão pertence a um Tupandactylus, um pterossauro voador de aproximadamente três metros de envergadura e uma crista alta na cabeça. Os pesquisadores comemoraram, principalmente, o bom estado de conservação do material: “parece que o pterossauro morreu ontem”, relatou Felipe Pinheiro.

“A melanina é uma das moléculas mais resistentes aos processos de fossilização. Enquanto os outros compostos são degradados com o passar do tempo, esse pigmento resiste de forma mais ou menos intacta”, explica o pesquisador Gustavo Prado, especialista em pigmentos fossilizados.

O estudo foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Chapada do Araripe
Artur Andrade explica que uma associação de fatores contribuíram para que a melanina fosse preservada dentro da crista do pterossauro.

“Isso dá uma importância maior e com certeza os olhos da pesquisa vão ser virados novamente para a bacia sedimentar do Araripe. Assim, a gente vai dar continuidade a ponto de saber quais são as cores realmente existentes nesses animais”, finaliza.

A Chapada do Araripe compõe um território importante para o campo paleontológico nacional. Segundo o pesquisador, a presença de cor também já foi observada em estudos com asas de insetos e em alguns tipos de borboletas realizados na bacia cearense.

“Isso reporta ao patamar significante da bacia no contexto paleontológico, tendo em vista as condições que favoreceram o processo de fossilização”, pontua.

(G1 CE)

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