As exportações de melão pelo Ceará poderão ter um incremento de até 20% devido à queda da produção da Espanha, maior cultivador europeu da fruta. Após as fortes chuvas que atingiram regiões plantadas do País em meados de setembro, foi estimada uma redução em torno de 50% da produtividade por hectare, aumentando a demanda pelo produto brasileiro.
“Em decorrência desse fenômeno climático, com muita chuva, a produção na Espanha foi dizimada e, por isso, ela acabou mais cedo do que eles imaginavam. Então, esse problema ajuda a gente a exportar mais, porque estamos apenas no começo da safra”, diz Luiz Roberto Barcelos, sócio-diretor da Agrícola Famosa, maior exportadora de melão do Brasil. Barcelos estima que haja aumento de 15% a 20% nas exportações locais.
Em 2019, o Ceará exportou cerca de 17,1 mil toneladas de melões frescos, dos quais 90% seguiram para a Europa, onde o ranking de maiores compradores foi preenchido por Holanda, Reino Unido e Espanha. A safra brasileira, produzida majoritariamente em Icapuí e Mossoró (RN), teve início em agosto, e as exportações começaram em setembro, devendo seguir até janeiro.
Câmbio favorável
Além da queda da produção espanhola, o câmbio também vem favorecendo a venda do melão brasileiro, que está mais competitivo no mercado internacional. Segundo Barcelos, o setor produtivo iniciou o ano com uma estimativa de dólar cotado em torno de R$ 3,50. Agora, com a moeda norte americana acima dos R$ 4,00, o setor obtém uma rentabilidade 15% maior.
“A alta do dólar tem um impacto positivo, o que ajuda a dar mais competitividade e favorece as nossas exportações”, diz. Nos dois primeiros meses da safra deste ano (agosto e setembro), o Ceará exportou US$ 5,3 milhões, quase metade do valor exportado no mesmo período em 2018 (US$ 10,3 milhões). Mas a expectativa é de que, até janeiro, esse cenário se modifique.
Novas rotas
O setor produtivo de melão espera, para este mês, a assinatura de um protocolo que autoriza a exportação do melão brasileiro para a China, o que poderia triplicar a produção brasileira nos próximos três anos.
Segundo Barcelos, tão logo o acordo entre os países seja confirmado, os primeiros lotes de melão já poderiam ser enviados. A ideia do mercado local é suprir a demanda chinesa durante o inverno asiático, quando a produção é interrompida. Partindo do Porto do Pecém, a fruta chegaria à China em 34 dias.
(Diário do Nordeste)