O açude Castanhão, no Ceará, atingiu o segundo pior volume hídrico de sua história para o mês de setembro, chegando a apenas 4,48% da capacidade. O reservatório, o maior do estado, é responsável por abastecer municípios do Vale do Jaguaribe e da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Até o ano passado, o açude assegurava parte desse fornecimento por meio do projeto Eixão das Águas. Neste ano, no entanto, o baixo nível de água coloca em risco o abastecimento de cidades das regiões do Médio e Baixo Jaguaribe.

O volume reduzido é consequência do baixo aporte de água verificado na última quadra chuvosa, entre os meses de fevereiro e maio, na Bacia do Salgado, que alimenta o açude. Durante o período, o Castanhão teve ganho de apenas 5% de volume, três pontos percentuais a menos que o registrado em 2018, quando a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) contabilizou recarga de 8%.

A explicação para este cenário está na irregularidade das chuvas. Apesar de a pluviometria de 2019 estar acima da média histórica, a concentração de precipitações não foi uniforme, o que significa que algumas bacias tiveram bons aportes hídricos, enquanto outras, como a do Salgado, ganharam pouco volume.

As limitações do Castanhão ameaçam o abastecimento nos municípios de Tabuleiro do Norte, São João do Jaguaribe, Limoeiro do Norte, Jaguaribara e Russas. Essas cidades só têm água garantida até 1º de fevereiro de 2020.

Os demais municípios que antes dependiam de liberação de água do açude passaram a ser abastecidas por poços profundos ou por outros reservatórios.

Garantia de água
Além da região do Vale do Jaguaribe, os efeitos da baixa no reservatório também são sentidos na Grande Fortaleza, que teve abastecimento pelo Castanhão suspenso em abril deste ano. A paralisação é necessária para que o açude recupere parte do volume perdido.

O diretor de Operações da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) para o Interior, Hélder Cortez, afirma que a interrupção no fornecimento de água para a Região Metropolitana de Fortaleza não afetará a população.”Temos bastante água nos açudes Pacoti, Riachão, Gavião e em outros reservatórios da região. Essa reserva é suficiente para atender à demanda até junho de 2020″, justifica.

Apesar dessa garantia, o diretor ressalta a importância de uma boa recarga nos grandes açudes na próxima quadra chuvosa. Para garantir este abastecimento, o estado aguarda a conclusão do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Psif). Após sete prazos não cumpridos, a expectativa é que as águas do Velho Chico cheguem ao Castanhão no primeiro trimestre de 2020. A expectativa é que a transposição dê segurança hídrica a 12 milhões de nordestinos.

(G1 CE)



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