O borderô da partida entre Ceará e Flamengo, no último domingo (25), pela 16ª rodada da Série A, apresentou divergências nos números de torcedores visitantes na Arena Castelão e será alvo de investigação por parte do Ministério Público do Estado do Ceará (MP-CE). O principal questionamento é sobre a quantidade de público presente no confronto, com o time alvinegro, mandante na partida, divulgando que 49.986 espectadores estiveram presentes no estádio.
A divulgação do documento é de responsabilidade da Federação Cearense de Futebol (FCF), que realiza a contagem de lotação do equipamento com a administração da Arena Castelão, promovida pelo Governo do Estado, os donos da casa e a Polícia Militar. Procurado pela reportagem, a entidade não se manifestou até o fechamento da matéria.
À imprensa, o Vovô informou que 15 mil ingressos estavam à venda para os rubro-negros e foram esgotados. No entanto, para a reportagem, a diretoria do Ceará argumentou que o número foi diminuído para 12.710 pagantes e que teria ocorrido um erro na divulgação dos dados de vendas dos bilhetes. “Não foram vendidos os 15 mil ingressos. A gente julgou que já iria ficar superlotado e não queríamos que acontecesse uma falta de acomodação para o torcedor e a gente ter problemas”, afirmou João Paulo Silva, diretor financeiro do clube.
Para o promotor de Justiça e Coordenador do Nudtor, Edvando França, a mostra visual do jogo pode indicar um maior público presente. “É muito estranho que em um estádio que cabe 63 mil, mas que a capacidade, no momento, é de 50 mil em razão de 9 mil cadeiras estarem quebradas, ter tanta gente em pé ou fora dos assentos”, explicou.
Apesar de não interferir na venda de ingressos, o objetivo do MP-CE é evitar que a capacidade máxima da Arena Castelão seja ultrapassada. A fiscalização ocorre com base na avaliação de borderôs e de um relatório emitido pela Polícia Militar, sem que haja participação do órgão em alguma etapa da produção do material. Com 35.150 ingressos destinados para a própria torcida, os números do borderô divulgados mostram que o Ceará ocupou, ao todo, 37.290 lugares – superando o estipulado em mais de 2 mil pessoas.
O órgão agora aguarda um relatório da Polícia Militar, que está sendo finalizado, para realizar ou não uma denúncia contra o clube alvinegro. O estudo leva em consideração câmeras, catracas e o centro de operações do estádio.
Caso seja confirmada a superlotação, o Ceará pode sofrer sanções do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e ser punido com multa e perda do mando de campo.
Implicação financeira
O valor total arrecadado no borderô é distribuído de forma percentual entre time mandante (74%), Governo do Estado (13%), FCF (8%) e INSS (5%). A partida entre Ceará e Flamengo, na Arena Castelão, registrou R$ 2.119.235,00.
(Diário do Nordeste)