Entra ano, sai ano e a cena é a mesma no Aterro da Praia de Iracema. Após a festa da Virada do Ano, montanhas de lixo se acumulam na faixa de areia e nas ruas do entorno. Neste ano, a estimativa é de que entre 75 e 80 toneladas de lixo tenham sido recolhidas, conforme a Secretaria Municipal da Conservação e Serviços Públicos (SCSP). Os dados só devem ser consolidados hoje.
De acordo com o engenheiro civil da SCSP, Ricardo Adriano, a previsão é que o montante do lixo recolhido este ano aumente com relação ao Réveillon de 2018. “Quando você tem uma melhora nas condições econômicas, há um aumento do consumo das famílias e o descarte também é maior”, justifica.
A média histórica de lixo no Aterro no Ano Novo, segundo Ricardo, costuma ficar nessa faixa de 75 a 80 toneladas, chegando a 90 em “anos atípicos”.
“Temos 90 lixeiras espalhadas pela orla marítima e a gente ainda colocou um reforço de seis contêineres de 1,6 m³ e um grande contêiner de 5 m³. Mas, infelizmente, no dia seguinte, boa parte das lixeiras se encontrava vazias, assim como os contêineres”, lamentava o engenheiro.
Como a Prefeitura de Fortaleza estimou em 1,2 milhão o público na festa do Aterro da Praia de Iracema, um total de 75 toneladas equivaleria a uma produção de 62,5 gramas de lixo por frequentador do local.
Foram necessários 369 profissionais trabalhando no Aterro, sendo 320 garis ? fora os catadores que iam por conta própria. Até retroescavadeiras foram usadas.
Os trabalhos começaram por volta das 7 horas e terminaram por volta das 15h30min. Todo esse lixo tem como destino o Aterro Sanitário de Caucaia, na Região Metropolitana.
“Parece que passou um vendaval”, se impressionava uma frequentadora ao chegar na manhã de ontem à Praia de Iracema. Mesmo marcas do que parecia sangue eram possíveis de ser vistas no calçadão.
O lixo e o movimento das máquinas que o recolhiam, porém, não afugentaram os banhistas, que aproveitavam às centenas o mar no primeiro dia do ano.
Era o caso do autônomo Eliézer Lemos de Almeida, 50, que levou a família para tomar um banho de mar. Ele só buscava um lugar menos atingido pelo descarte impróprio ? portanto, mais afastado do Aterro. “Não era para ter esse lixo em pleno local de lazer. Espanta bastante. O pessoal não ajuda”.
Boa parte do lixo era formado por garrafas plásticas e de vidro, além de latinhas de cerveja e refrigerante. Um prato cheio para os catadores de material reciclável, como Carlos Rosena da Silva, 54. Desde as 3 horas na Praia, ele esperava recolher, ao todo, cerca de 70 quilos em latinhas. Cada quilo venderia por R$ 5.
OPERAÇÃO
Além dos 320 garis, operação de limpeza pública do Aterro da Praia de Iracema demandou uso de dez caminhões.
Fonte: O Povo Online