Quem percorre os labirintos do Campus do Pici da Universidade Federal do Ceará (UFC) sabe da efervescência dos projetos que lá surgem. É com recursos limitados, mas bastante determinação, que estudantes avançam as fronteiras do conhecimento e se jogam em projetos inovadores. É em um desses labirintos que Michelly, Guilherme, Rodrigo, Madson, Leonel, Gabriel da Rocha, Gabriel das Neves e Pedro, sob orientação dos professores Jarbas Silveira e João César Mota, estão trabalhando, desde 2017, em um nanossatélite – primeiro das regiões Norte e Nordeste.

 O projeto surgiu como um grupo de estudos, de forma voluntária. Foi Jarbas Silveira, professor do departamento de Engenharia de Teleinformática da UFC, que apresentou a iniciativa aos estudantes, convidando-os a fazer parte. À medida que o projeto crescia, mais pessoas foram envolvidas, assim como parcerias foram fechadas. Hoje, o projeto de pesquisa do Sistema para Análise e Coleta de Dados Experimentais (Sacode) está vinculado ao Laboratório de Engenharia de Sistemas de Computação (Lesc) e ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O objetivo principal da equipe é fazer o lançamento do nanossatélite em 2021. A prioridade é que ela seja feita em solo brasileiro, em uma tentativa de impulsionar o reconhecimento de pesquisas nacionais. A missão do Sacode é coletar dados do semiárido nordestino, procurando modernizar o processo de coleta de dados sobre previsão climática, umidade do solo, acompanhamento de mananciais. Para além disso, como ressalta Jarbas, o Sacode também pode funcionar como um laboratório no espaço, que vai servir como uma ponte de informações.

Intencionalmente, o nome carrega um trocadilho tipicamente cearense. O processo de criação foi totalmente dos estudantes, que fizeram questão de ressaltar, durante entrevista ao Ciência & Saúde, que a intenção era soar engraçado. “Alguém acabou falando do Forró Sacode [durante o processo de criação do nome] e ficou”, conta um dos integrantes.

A concepção do grupo foi totalmente coletiva. No início, quando ainda era voluntário, todo o material necessário para trabalhar era conseguido pelos próprios integrantes. Atualmente, a equipe conta com bolsas remuneradas, mas nem sempre a realidade foi essa. O investimento em pesquisas no Brasil ainda é escasso, como os próprios estudantes reconhecem.

Quem constrói o Sacode
Nanossatélite é um satélite pequeno que mantém uma padronização de massa e volume. Diferentes de satélites convencionais, que ocupam muito espaço e demandam custos enormes, os nanossatélites são mais práticos e econômicos. O Sacode, por exemplo, tem uma massa que não chega à 1 kg e o tamanho pode ser comparado à uma caixa de sapato, segundo o protótipo já desenvolvido.

YOUTUBE
No canal da UFC TV no Youtube, pode-se assistir a um vídeo sobre a pesquisa do nanossatélite na instituição. Acesse pelo link bit.ly/nanossateliteUFC
Fonte: O Povo Online

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