O Núcleo de Química Forense (NUQFO) da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) vem realizando perícias em substâncias que estão sendo comercializadas como se fossem álcool em gel. Os peritos alertam para que a população não caia em golpes e observe a procedência do produto para não levar para casa uma substância tóxica que pode levar a morte, ou um produto sem eficácia. O perito criminal e supervisor do NUQFO, Túlio Oliveira, explica que a população deve observar o rótulo, se ele informa o teor do álcool. Para a higienização das mãos, o teor alcoólico recomendado é o 70%. Caso a substância tenha o valor inferior a 70%, ela se torna ineficaz para a ação contra microorganismos, inclusive o coronavírus.
Os peritos recomendam que as pessoas busquem adquirir o álcool gel em estabelecimentos de procedências, em farmácias, por exemplo. O cidadão deve também fazer pesquisas sobre a marca do produto e não comprar se a embalagem não tiver rótulo, ou se o rótulo não tiver as informações necessárias sobre o produto. Na escassez do álcool gel, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) recomendam o uso de água e sabão para a higienização adequada das mãos.
Túlio Oliveira informa que todas as empresas que fabricam produtos de higiene devem estar em adequação às regras e protocolos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e junto ao Ministério da Saúde. Deste modo, os produtos precisam ter o selo e o registro, para tornar possível o processo de investigação por parte da população. Caso alguém se depare com a venda de produtos suspeitos, é possível fazer a denúncia pelo número 190 da Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Os produtos suspeitos são apreendidos e encaminhados para a Pefoce. Nos laboratórios, os peritos analisam a autenticidade do produto, as substâncias contidas na amostra, o teor de álcool e se ele corresponde ao permitido e indicado pelos órgãos fiscalizadores.
Álcool tóxico
Ainda de acordo com o supervisor do Núcleo de Química Forense, os riscos para quem adquire um produto sem procedência são inúmeros. “Quem utiliza o álcool feito a partir do etanol (vendido em postos de combustíveis), traz risco à saúde, pois este apresenta produtos nocivos, incluindo o metanol e alguns hidrocarbonetos. Ou seja, não se trata de etanol puro, mas de uma mistura que pode causar irritações na pele e mucosas. Em situações mais graves pode levar à morte”, explica. Ainda de acordo com o perito, as análises podem constatar a presença do etanol misturado com produtos gelatinosos, como por exemplo, gel de cabelo. Essa mistura é ineficaz para o combate dos microorganismos.
Risco de incêndio
Outro alerta que o perito faz é para que a população não realize testes em casa para tentar comprovar a existência de álcool no produto. Manipular essas substâncias utilizando fogo como forma de teste pode provocar um incêndio de grandes proporções, pois a mistura pode conter aditivos químicos que potencializam as chamas. O ideal a se fazer é pesquisar sobre o produto, avaliar se o rótulo contém informações seguras e se o aspecto do produto não é destoante do aspecto do álcool em gel de marcas mais conhecidas e de procedência. Em caso de dúvidas ou falta das informações essenciais, a população pode denunciar para que os produtos sejam recolhidos e destinados à análise na Pefoce.
(SSPDS)