A determinação do Ibama para recolhimento das brigadas de combate a incêndio em todo o País atingirá duas unidades, com 15 agentes cada, no Ceará. Com a medida, o estado ficará sem cobertura de brigadistas em novembro e dezembro, exatamente os meses com maior incidência de queimadas.

A desmobilização nacional foi determinada ontem (21) por meio de ofício do chefe do Centro Especializado Prevfogo, Ricardo Viana Barreto, que alegou falta de recursos financeiros e orçamentários no Ibama para a adoção da medida administrativa.

Atuação

Atualmente, as duas brigadas do Ceará estavam atuando no combate a incêndios no Pantanal e no Maranhão. A previsão é de que eles retornassem ao Ceará em novembro, para somar ao efetivo do Corpo de Bombeiros no período de maior demanda. Diante da determinação do Ibama, as equipes, agora, retornarão de imediato para a sede Quixeramobim, no Sertão Central, mas ficarão impossibilitadas de atuarem.

“Não podemos atuar sem o pagamento de diárias para os agentes”, pontuou o coordenador estadual do Prevfogo do Ibama Ceará, Kurtis Francois Teixeira Bastos. Sem eles, a tendência é que ocorra sobrecarga para atender as demandas futuras.

A brigada do Prevfogo atende, a rigor, à demanda federal, isto é, combate a incêndios em unidades da União – terras sob jurisdição da Funai, unidades de conservação do ICMBio e Ibama. Estão compreendidos neste pacote 411 projetos de assentamentos federais, oito áreas indígenas, 15 de quilombolas e 12 unidades de conservação ambiental. Com a paralisação, incêndios que venham a surgir nestas localidades serão atendidos pelo Corpo de Bombeiros.

O subcomandante do Corpo de Bombeiros da 1ª Seção do 3º Grupamento de Sobral, major Mardens Vasconcelos, observou que “já existe uma sobrecarga por conta do grande número de queimadas” e que a ausência dos brigadistas do Prevfogo amplia as dificuldades no combate aos incêndios florestais. “Seria de grande ajuda, sem dúvida, pois sozinhos a situação fica mais pesada”, ressaltou. Ele lamentou a decisão da suspensão temporária das unidades brigadistas.

Kurtis reforça que a maior “preocupação é que os meses de novembro e dezembro são os mais críticos no Ceará com registro de fogo em vegetação”. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), já são 663 focos no Ceará só no mês de outubro.

O professor de geografia do Instituto Federal do Ceará (IFCE), campus de Iguatu, Carlos Lima da Silva, se mostra preocupado com possível falta adequada de cobertura para conter os incêndios. Ele detalha que as queimadas contribuem para o avanço do processo de desertificação, a partir da degradação do solo que fica exposto, e da perda da vegetação. “Além do problema ambiental, temos consequências econômicas, pois afeta as atividades produtivas”, pontuou.

Combate

Em agosto e setembro, antes da saída do Ceará, com destino ao Maranhão e Pantanal, brigadistas do Prevfogo Ceará combateram focos de incêndios em São Benedito, em uma área no entorno da APA da Ibiapaba; em Quixeramobim; em Santa Quitéria e em Saboeiro, em uma unidade de conservação municipal.

Os brigadistas trabalham por meio de contratos temporários de seis meses, por meio de uma seleção. Neste ano, começaram a atuar um mês mais tarde, em agosto, e a previsão é de que atuassem até janeiro de 2021.

(G1 CE)


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