“Quero ter essa profissão quando eu sair daqui”, conta o detento Genésio Chaves, sobre a atividade com linhas, agulhas e tecidos. Espera dar orgulho à mãe, que é costureira. Ele é um dos presos do Centro de Execução Penal e Integração Social (Cepis) Vasco Damasceno Weyne, em Itaitinga, matriculados na turma de corte e costura do Sistema Penitenciário. O desejo dele, como de tantos outros, é ter uma oportunidade de emprego no futuro, ao fim da pena. A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) estima que, até o fim de 2019, mais de quatro mil presos sejam capacitadas para o mercado de trabalho.
O projeto de ressocialização é uma parceria entre a SAP e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Foram disponibilizadas quatro mil vagas de cursos profissionalizantes para os internos dos 14 presídios cearenses. “Começamos a capacitá-los, então isso gerou uma dinâmica. Uma ação positiva sempre vai gerar mais ações positivas”, ressalta Mauro Albuquerque, titular da SAP.
Após ser preso, Genésio Chaves não imaginava como seria sua vida. Sem expectativas para os dias de liberdade, o homem conta ter sido surpreendido com a possibilidade de realizar um curso de capacitação. “Antes, eu não tinha noção do que iria fazer lá fora. Hoje, eu tô com uma certeza de que, quando eu sair, eu vou seguir essa profissão de corte e costura”.
Além do curso de corte e costura, os detentos podem optar por se profissionalizar na área da construção civil, elétrica e outras. É a terceira vez que o professor e eletricista Francisco Monteiro ensina em presídios. Para ele, é gratificante notar que mais internos estão buscando se capacitar e, assim, mudar de vida. “Para nós, que somos professores, não tem nada melhor do que o conhecimento sendo adquirido. Vale a pena trabalhar com eles. Estamos educando as pessoas para uma nova vida”, diz
Presídios
Após oito meses da implementação do projeto de ressocialização, o secretário Mauro Albuquerque entende como positiva a nova dinâmica do Sistema Penitenciário. Depois da conclusão do curso de capacitação, os presos realizam trabalhos diários dentro do próprio presídio. No Cepis, são 70 internos realizando serviços de construção civil e 800 se profissionalizando.
“Temos uma boa porcentagem de presos trabalhando e estudando. Além de melhorar o padrão, quebrando aquele clima de cadeia e dando total oportunidade para quando ele sair não voltar mais”, explica o secretário.
O sistema penitenciário cearense conta com 24.500 detentos em regime fechado. O plano, conforme Mauro Albuquerque, é que duplique o número de presos capacitados. “A orientação do governador é que, daqui a três anos, todo preso que entrar no Sistema Penitenciário saia com uma profissão”, afirma.
O diretor do Cepis, Paulo José Rodrigues, ressalta a mudança do presídio após os cursos de capacitação. “O impacto básico é a ordem, a disciplina e a segurança que está sendo desenvolvida. Ela vai em paralelo com o desenvolvimento da pessoa humana. Estamos em um novo paradigma, uma nova realidade”.
Fonte: Diário do Nordeste