A tarifa branca de energia inicia sua segunda etapa de adesão e permite agora que unidades com média acima de 250 quilowatt/hora (kW/h) mensal possam usar o benefício. No Ceará, os consumidores têm os valores mais baratos do Nordeste e mais de 300 usuários aderiram ao programa durante a primeira fase, quando era disponibilizado a gastos superiores a 500 kW/h.
Para compensar a mudança de plano, a dica é avaliar o consumo. Para quem abusa da energia em horários de alta demanda, essa não é a forma de economizar, devendo manter-se no modelo convencional, no qual a tarifa independe do dia da semana ou horário.
Porém, quem utiliza a energia fora do horário de pico, batizado de ponta, que abrange o período de 17h30 a 20h29, o modelo de consumo é um começo para reduzir a conta, com uma tarifa 23% menor que a convencional. “A tarifa é muito interessante ao consumidor, assim como é importante para o sistema de geração de energia, uma vez que se as pessoas readequarem o seu consumo, dá uma aliviada para a distribuidora que é muito demandada no horário de ponta”, pontua Gilmar Lopes Ribeiro, professor do IFCE.
Em uma simulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a família que concentra grande parte do consumo para o período fora de ponta, como uso de chuveiro elétrico e demais eletrodomésticos, a adesão pode gerar uma redução na conta em torno de R$ 6,66 por mês. Parece pouco, mas é maior que um rendimento de muitos investimentos, como a poupança. E quem concentra o uso aos fins de semana, a tarifa branca revela-se ainda mais vantajosa por cobrar igual independente do horário. Assim, uma casa de praia, por exemplo, em que se utiliza mais energia aos sábados, domingos e feriados, a alternativa mostra-se como uma solução de redução de custos.
No caso de uma empresa, se ela funciona 24h, por exemplo, com constância no uso de energia ao longo do dia, também é vantagem. Pelos cálculos da Aneel, a economia mensal é em torno de R$ 22,31.
“A energia, como é uma coisa mensal e para a vida inteira, se você economizar R$ 50, por exemplo, é bem significativo. Em um ano, é em torno de R$ 600, o que equivale a dois meses de consumo”, completa Gilmar.
Economia
Quem aderir ao modelo, compensa colocar a lavagem de roupa no turno da manhã ou aos fins de semana. Aliás, a dica para economizar independentemente da tarifa é lavar e engomar com o máximo de roupas possível de uma só vez.
Além disso, Gilmar recorda do chuveiro elétrico, maior vilão da conta de luz, orientando fazer o banho mais demorado depois das 21h30. O ar-condicionado também é recomendado usar mais no fim da noite, mantendo os filtros limpos e evitando o frio excessivo, regulando a temperatura em cerca de 23 graus, porque quanto maior o frio, pior o consumo. “E se você conseguir que nesse período (de pico) desligue uma certa quantidade de lâmpadas na casa, é possível reduzir a conta. Com a lâmpada de Led hoje, a quantidade de consumo por iluminação tem reduzido muito”, destaca.
É preciso ter uso disciplinado fora da ponta para valer a economia. “É você se reeducar em termo de consumo. A tarifa branca é isso: você mudar o seu estilo de consumo”.
Análise
Antes de mudar, a orientação é observar os horários que são mais usados os eletrodomésticos. Se não for possível migrar todo ou, pelo menos, a maioria do consumo para o intervalo fora do pico, então é recomendado permanecer no convencional ou, então, correr o risco da conta ser mais cara.
Afinal, aderir à tarifa branca e gastar energia no pico é quase o dobro de preço do cobrado pela convencional, mais especificamente 97% a mais.
Até mesmo o período intermediário, que contempla o intervalo de uma hora antes e depois da ponta, pode ser caro. Entre 16h30 e 17h29 e também de 20h30 a 21h29, a tarifa é 21% mais cara.
Quem se arrepender, é possível reverter a situação a qualquer momento, devendo ser atendido em até 30 dias. Após o retorno, se o consumidor desejar novamente aderir a tarifa branca, será possível depois de um prazo de 180 dias. “Se já conhece o seu perfil e tem certeza que o consumo é maior fora do horário de pico, por trabalhar no fim da tarde, por exemplo, então pode migrar sem problemas”, explica.
Nova etapa
A tarifa branca foi regulamentada na Resolução Normativa 733/2016 e a partir de janeiro do próximo ano estará aberta para todas as unidades consumidoras. Lembrando que não é obrigatória a mudança, não implicando em cobrança pela distribuidora. Mas, estão previstos eventuais custos para alterações no padrão de entrada da unidade consumidora.
Fonte: Diário do Nordeste