Pela primeira vez, o PT cearense começa a admitir que pode abrir mão de uma vaga no Senado Federal em nome da aliança para a reeleição do governador Camilo Santana (PT). Em entrevista ao O POVO, o presidente da legenda, deputado Moisés Braz, disse ontem que o “Senado não é prioridade” e que a legenda vai trabalhar para reeleger Camilo e formar uma bancada forte no legislativo estadual e na Câmara dos Deputados.
O principal argumento do dirigente da sigla é que o PT “não construiu o nome para o Senado” nos últimos anos. A declaração abre diálogo direto com o senador Eunício Oliveira (MDB) que pleiteia disputa à reeleição na chapa do governador. A segunda vaga ficaria com o ex-governador Cid Gomes (PDT).
Braz, que admite também que a tese não é unidade no partido, disse ainda que o assunto vai ser levado à reunião do diretório estadual agendado para o dia 25 deste mês para discussão. O presidente negou, no entanto, que esse novo entendimento possa ter relação com a aproximação de Eunício com o grupo liderado pelos irmãos Ferreira Gomes e disse que, embora mais distante, o partido ainda não “jogou a toalha” sobre a candidatura.
Ligado ao grupo da ex-prefeita Luizianne Lins, o deputado estadual Elmano de Freitas (PT) reagiu à proposta levantada pela direção da sigla. Ele defende que o nome do senador José Pimentel seja oferecido pelo PT ao grupo para a disputa da reeleição. “Se esse critério valesse, o Camilo não era governador. Porque o Camilo também não foi construído no PT, virou governador e nós estamos muitos satisfeitos e queremos que ele seja de novo governador”, rebateu o petista..
A deputada federal Luizianne Lins já declarou em outras oportunidades que colocaria seu nome à disposição para disputar o Senado caso Pimentel recuasse da candidatura a um novo mandato. Elmano defende que seja um nome do PT que possa colaborar, em Brasília, com a revogação das reformas implementadas pelo governo Michel Temer (MDB).
Em entrevista à rádio O POVO/CBN na manhã de ontem, a senadora e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também defendeu a manutenção de Pimentel no Senado e declarou que o PT não vai abrir mão de vaga na chapa do governador. “Queremos reeleger o Pimentel, ou quem o PT, na sua decisão interna, indicar”.
Sobrinho de Eunício, o deputado estadual Danniel Oliveira (MDB) entende que esse movimento do PT sinalizado pela presidência estadual é sim uma abertura à aliança com o presidente do Congresso Nacional para a eleição de outubro. O emedebista afirma que o presidente do PT no Estado é um “entusiasta” da uma ampla aliança “em favor do Ceará”. “Claro que é uma abertura. Em outras linhas, nós vivemos um bom momento com o PT a nível nacional. E essa união no Ceará passa entre o governador Camilo e o senador Eunício”.
Fonte: O Povo Online