O ex-governador do Ceará também expôs frustração com gestão da segurança pública no Ceará e falou sobre expectativa de chapa com PT.
Pré-candidato à presidência da República, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) não poupa vaidade ao falar sobre as expectativas para 2018. Em entrevista ao site El País, o ex-ministro se assume como o “Macron brasileiro”, em referência ao atual presidente francês, Emmanuel Macron; e fala que chapa com Fernando Haddad (PT) seria o “dream time”. Já em entrevista ao canal Ultrajano, Ciro é mais incisivo: “Essa eleição está pra mim”, diz.
Ao El País, Ciro prega a criação de um novo movimento na política de esquerda que seria representado por ele, diante da experiência política e do não envolvimento em denúncias de corrupção.
“O mundanismo da política eu conheço. As transações, os entendimentos, as concessões, eu conheço. Mas há um limite que nos preserva que é a decência à lei. Vá ver se alguma vez eu respondi a um inquérito? 37 anos!”, afirma.
Ele, inclusive, ameniza denúncias de corrupção contra o irmão, o ex-governador Cid Gomes (PDT), em delação da JBS. “Não estou dizendo que é mentira que pedimos dinheiro, mas nem foi o Cid quem pediu e não era propina”, disse.
Questionado se, em meio a tanto descrédito nos políticos brasileiros, há espaço para um novo movimento, um novo partido, ao estilo do atual presidente da França, Ciro se coloca à frente. “O Macron sou eu. É só olhar. O cara era do Partido Socialista, ministro de Hollande. De repente, com um conjunto de desgastes, sai e cria um movimento. A questão do Brasil é falta de hegemonia moral e intelectual. Nós não vamos inventar uma nova classe política, apesar do despotismo esclarecido e dessa imprensa que não tem compromisso nenhum com nada”, afirmou.
Mesmo com críticas severas ao ex-presidente Lula e ao PT, ele não descarta aliança, especialmente com o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. “Seria o dream team. Haddad representa o que há de melhor no PT e não carrega o estigma que é, em parte, injusto”, pontua.
Confiança
Em entrevista ao canal Ultrajano, apresentado pelo jornalista José Trajano no Youtube, Ciro negou presunção, mas disparou: “Essa eleição está para mim. Parece jactância, mas não é”, afirmou.
O ex-governador disse se considerar o mais experiente entre os pré-candidatos pelos cargos que já ocupou. “Essa eleição está para mim, porque as pessoas, na hora de votar, vão precisar de respostas concretas para os problemas. Vão precisar de experiência anterior”, acrescentou.
Violência no Ceará
Ao El País, Ciro também expôs frustração de seu grupo na gestão da violência no Estado. “Hoje é a nossa grande frustração no Ceará. Um Estado onde a saúde está bombando, a educação está bombando, a economia, e a violência só cresce, especialmente homicídio entre os jovens”, disse Ciro.
O ex-ministro frisou os índices entre a população mais pobre. “Essa violência difusa, de bairro pobre, de garotos se matando é uma coisa absolutamente chocante”, acrescentou.
Mesmo sem cargo na atual gestão, liderada por seu aliado político, o governador Camilo Santana (PT), Ciro fala como parte do Governo. Questionado sobre o perfil “linha-dura” do atual secretário da Segurança Pública, André Costa, Ciro disse aprovar o perfil, mas pontuou aumento nos índices. “Com os linha-mole os índices de homicídio estavam caindo e agora com linha-dura está aumentando”, pontuou.
O ex-ministro destacou os investimentos em uma polícia comunitária que “não funcionou”, segundo ele. Ciro cita ações como o Ronda do Quarteirão, o aumento do efetivo policial e a formação dos profissionais.
“Polícia comunitária: copiamos o exemplo, ronda do quarteirão, triplicamos o efetivo, o nível de formação do policial do Ceará, inclusive acho que isso virou um problema, é o melhor do Brasil. Nós estamos com 70% dos novos policiais de rua com nível superior e eles têm horror a pegar num revólver para enfrentar a confusão”, diz Ciro.
A expectativa, segundo ele, é de que as crianças e jovens que estão sendo formadas em outro contexto de educação possam ter um futuro com novas oportunidades. Ciro cita os investimentos em escolas de tempo integral e escolas profissionalizantes, além da geração de emprego e renda com ações na economia como o rumo da mudança no Ceará.
Fonte: MassapeCeara