O Alto Comando do Exército admitiu, ontem, que a falta de verbas vai prejudicar as ações sociais dos militares, afetando inclusive os programas de distribuição de água no semiárido do Nordeste, onde se desenvolve a Operação Carro-Pipa em Estados como o Ceará.
Ontem, os comandantes da Aeronáutica, do Exército e da Marinha estiveram no Palácio do Planalto para participar de uma solenidade de promoção de oficiais, mas deixaram o evento sem um sinal do presidente Michel Temer (PMDB-SP) sobre o desbloqueio de dinheiro.
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, reconheceu que a redução de recursos devido aos cortes no Orçamento está levando as Forças Armadas a uma “situação crítica”. Segundo ele, a falta de verbas está comprometendo ações de segurança nas fronteiras e o desenvolvimento de ações sociais por parte dos militares.
“A segurança das fronteiras fica comprometida, bem comprometida. As operações de fronteira já estão sendo reduzidas, porque, na medida que falta combustível e outros insumos necessários, se torna impossível prosseguir no mesmo ritmo que estava antes”, disse o general.
O general acrescentou: “Também a nossa capacidade de desenvolver ações sociais, por exemplo, a entrega de água no Nordeste. São 4 milhões de pessoas (atendidas). Nos preocupa muito que a nossa capacidade de atender essas demandas seja comprometida”.
O general descartou o fechamento de unidades militares, mas afirmou que poderá haver redução de expediente. “Unidades não serão fechadas, pelo menos por enquanto. É muito perigoso criarmos vazios. Mas pode haver redução de expediente, o que é extremamente desconfortável. Vamos tentar evitar isso”.
O governo anunciou no fim de julho um novo bloqueio orçamentário de R$ 5,9 bilhões, que afetou diversas áreas. O corte foi necessário para repor o equilíbrio das contas para que o governo possa cumprir a meta fiscal prevista para 2017.
O almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, comandante da Marinha, disse que as Forças esperam o desbloqueio de parte dos recursos no momento em que a equipe econômica definir novas metas fiscais. Uma de suas preocupações é a dificuldade de renovação da frota de navios.
Já o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, disse que apresentou ao ministro Raul Jungmann (Defesa), as consequências do corte de verbas, como redução de horas de voo, apoio às populações e tropas do Exército na Amazônia.
Fonte: Diário do Nordeste