O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) realiza na manhã deste sábado (19) a segunda etapa da cirurgia de separação de duas irmãs siamesas de 1 ano e dez meses que nasceram unidas pela cabeça no Ceará.
Com duração prevista de oito horas, o procedimento de desligamento de vasos sanguíneos no crânio é um dos quatro programados até o fim do ano nas gêmeas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, acompanhadas há mais de um ano pelo centro hospitalar no interior de São Paulo.
A primeira cirurgia foi realizada em 17 de fevereiro e durou sete horas (veja imagens abaixo). A separação total somente deve acontecer em novembro, na última intervenção médica.
Liderada pelo chefe do Departamento de Neurocirurgia Pediátrica do HC, Hélio Machado, a equipe de 25 profissionais que realizará o trabalho neste sábado contará novamente com a participação do cirurgião norte-americano James Goodrich, referência mundial no assunto.
A equipe médica é composta por três cirurgiões plásticos, sete neurocirurgiões, cinco anestesistas, oito enfermeiros, um tecnólogo e o diretor do centro cirúrgico.
A possibilidade de realizar a separação das siamesas em etapas, com tempo suficiente para recuperação, é considerada pelo HC o grande avanço da iniciativa médica em Ribeirão.
O planejamento é primordial diante de questões como a dominância das veias de uma das irmãs em relação à outra, a fragilidade dos organismos, bem como a necessidade de se garantir que o sangue continue sendo distribuído pelo corpo e não haja um infarto venoso, ou seja, um represamento.
O caso
As meninas, naturais de Patacas, distrito de Aquiraz (CE), a 35 km da capital Fortaleza (CE), são acompanhadas há mais de um ano no interior de São Paulo por cerca de 30 profissionais, envolvendo neurocirurgiões, neurologistas, anestesistas, cirurgiões plásticos, intensivistas e enfermeiros.
O neurocirurgião Eduardo Jucá, responsável pelo acompanhamento das irmãs no Ceará foi quem as encaminhou ao hospital em São Paulo. Jucá foi aluno da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto e especializou-se em neurocirurgia pediátrica.
Ele tomou conhecimento do caso das irmãs pouco tempo após o nascimento delas, quando as duas foram encaminhadas ao hospital onde ele atua como coordenador. Devido à complexidade, entrou em contato com a equipe do HC para articular as avaliações.
Para viabilizar as cirurgias, exames complexos de ressonância magnética feitos no HC foram enviados à equipe do neurocirurgião James Goodrich, no Montefiore Medical Center, em Nova York. Eles propiciaram a criação dos moldes tridimensionais que auxiliam a equipe na cirurgia.
Goodrich dedicou a carreira a casos complexos como este e já realizou 20 cirurgias de sucesso pelo mundo.
Fonte: G1 CE