O Ceará foi lembrado mais de uma vez pelos altos índices de homicídios no terceiro debate dos presidenciáveis, transmitido pelo Twitter do Estadão, pela Rádio Jovem Pan e pela TV Gazeta na noite de ontem. Os candidatos Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT) atribuíram o problema a facções do Rio de Janeiro e de São Paulo. A primeira a lembrar da situação do Ceará foi Marina Silva, da Rede.

Geraldo Alckmin (PSDB) também disse, durante o debate, que os cearenses seriam beneficiados por suas propostas para a segurança pública. Jair Bolsonaro não participou do programa porque ainda se recupera de facada sofrida na última quinta-feira, 7, durante ao de campanha em Juiz de Fortaleza (MG). O PT também não teve representante.

“No nosso querido estado do Ceará, o número de homicídios dobrou nos últimos 10 anos. Você (Ciro) sabe que é impossível enfrentar esse problema sozinho sem o governo federal (…) Qual sua proposta para o grave problema da violência que ceifa 63 mil vidas por ano?”, perguntou Marina a Ciro, em uma sutil crítica ao candidato por quem briga pelo segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto.

O período de tempo apontado pela candidata foi governado por aliados do pedetista, entre eles o irmão Cid Gomes, hoje candidato ao Senado pelo PDT. “É inadmissível que os criminosos exportem o crime”, completou Marina.

“Minha ideia é dar conteúdo prático a um sistema único de segurança pública. (…) Facções sediadas em São Paulo e no Rio de Janeiro se espalharam pelo Brasil, determinando de dentro da cadeia de RJ e SP a mortandade de pobres, negros, caboclos, Brasil afora”, respondeu Ciro, evitando mencionar o Ceará. Ele defendeu ainda o uso de tecnologia e inteligência para o combate ao crime.

“O maior produto de exportação de São Paulo é o crime. O Ceará de Ciro Gomes sofre com o crime organizado de São Paulo”, disse Meirelles, em crítica a Alckmin. O tucano teve semana de embate com o presidente Michel Temer (MDB), do partido de Meirelles. Alckmin irritou o Planalto ao tentar se desvincular do atual governo.

“Vamos ajudar todos os estados, não é só o Ceará não”, rebateu Alckmin ao falar de proposta de sistema integrado de segurança pública e da guarda nacional permanente. Embora Bolsonaro seja considerado o candidato mais ligado ao tema da violência, a criminalidade continuou a pautar o debate, mesmo com a ausência do postulante do PSL. Todos os adversários lamentaram o episódio de violência contra Bolsonaro, apesar de admitirem que discordam politicamente.

Bolsonaro costumava liderar as menções nas redes em debates e, ontem, deu lugar a Ciro. O pedetista foi o mais mencionado nas redes sociais durante o programa da TV Gazeta, com comentários tanto positivos quanto negativos. De acordo com apuração do O POVO a partir da hashtag oficial do debate #GazetaEstadaoJP, a maioria das menções tinha caráter positivo.


Bastidores


SEGURANÇA REFORÇADA

Primeiro após o atentado contra Bolsonaro, o debate assumiu tom morno, sem embates. A presença de agentes da Polícia Federal foi notada, com suas insígnias douradas no peito. A segurança dos postulantes foi reforçada desde a facada em Juiz de Fora (MG). Nas considerações finais, os candidatos falaram de tolerância e união. Boulos e Marina lembraram a morte de Marielle Franco. Álvaro Dias disse que é preciso combater quem pratica e quem estimula a violência. Ciro afirmou que desânimo e revolta não são bons conselheiros. Alckmin defendeu a pacificação.


EM FRENTE À TV

Militantes do candidato do Novo, João Amoêdo protestaram em frente à sede da TV Gazeta, na Avenida Paulista. Ele não participa de debates por não ter representantes no Congresso. O candidato tem crescido nas pesquisas, mas as redes de televisão não são obrigadas por lei a convidá-lo para debates.


MULHERES

Henrique Meirelles cometeu ato falho ao dizer que as mulheres ganhavam mais que os homens exercendo o mesmo cargo e função. O presidenciável disse que quer combater a desigualdade salarial e pretende compor diretoria com estatais com pelo menos 30% de mulheres. Ele teve embates com Guilherme Boulos, acusando o candidato de “invadir propriedade” de pessoas que trabalham. Em contrapartida, Boulos o chamou de banqueiro e disse que ricos como ele seriam taxados.


PERGUNTAS

Mais uma vez, Ciro foi deixado de escanteio quando as perguntas eram feitas por seus adversários. O mesmo pode ser observado para Marina Silva. Os dois disputam votos de Lula, que teve a candidatura impedida. O candidato a vice do PT, Fernando Haddad também concorre aos votos de eleitores do ex-presidente.


AUSÊNCIA

Quem também ficou fora do debate foi o Cabo Daciolo, candidato do Patriota. Ele permaneceu no Rio de Janeiro, no local que chama de monte, onde realiza jejum. A assessoria do postulante afirma que ele acredita em vitória por intervenção espiritual.


LAVA JATO

Corrupção foi outro tema de destaque durante o programa. Enquanto Ciro defendeu Lula, por considerar sua prisão injusta, Marina e Álvaro Dias (Podemos) voltaram a defender a Lava Jato. Alckmin disse que os casos de Lula e de Aécio Neves eram diferentes porque o tucano ainda não havia sido julgado.

Fonte: O Povo Online


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