Dados consolidados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) apontam redução nas notificações de casos de Sífilis, HIV e Aids no Ceará em 2019 em relação aos últimos anos. No entanto, é preciso cautela frente aos números. Tanto pela necessidade de observar se a redução é pontual ou contínua. Quanto pela agilidade dos municípios de registrarem os casos no sistema de controle da Sesa. Além disso, ainda preocupa as taxas de infecção nos grupos prioritários.
Em relação à Aids houve redução de 20% dos casos de 2018 para 2019. Quando naquele ano, 902 pessoas foram identificadas na situação; no seguinte, chegou a 721. Quanto ao HIV, a número de pessoas detectadas com o vírus foi de 1.853, em 2018, para 1.645, em 2019. Redução de 12%. Em 2017, 1.755 indivíduos foram identificados vivendo na situação. No geral, os óbitos em decorrência de complicação da Aids caíram 49% entre o ano passado e o retrasado.
Em 2018, foram notificados 2.808 casos de sífilis adquirida (41,7 casos por 100 mil habitantes). No ano passado, essa taxa foi de 30,8. Além desses, 2.306 casos em gestante, com detecção de 17,6 a cada mil nascidos vivos. Em 2019, o valor foi de 17,2. O último tipo monitorado pela Sesa: sífilis congênita caiu de 11,5 a cada mil nascidos vivos para 10,6.
Apesar da redução, Telma Martins, articuladora do Grupo de Trabalho de IST/Aids e Hepatites Virais da Sesa considera preocupante o número ainda considerável de pessoas se infectando, apesar dos esforços de identificar precocemente o vírus e a Profilaxia Pré-Exposição (PreP) ao HIV como novo método de prevenção à infecção pelo HIV.
Cauteloso, Guilherme Henn, presidente da Sociedade Cearense de Infectologia e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirma ser preciso esperar de dois ou três anos para saber se a redução é pontual ou contínua.
Apesar de a Sesa ainda não destrinchar os dados de 2019, o especialista afirma que a tendência é ainda casos consideráveis em subgrupos específicos. Principalmente, em homens gays, transexuais, mulheres jovens e usuários de entorpecentes.
Por outro lado, Henn frisa duas medidas que podem ter destaque na queda das taxas de notificação. “A partir de 2014, com ampliação da oferta de testagem à população e a descentralização da oferta. Segundo, todos os pacientes recém-diagnosticados são colocados em tratamento o mais rápido possível, independente da fase da doença”, afirma.
(O Povo Online)