O resultado do laudo da reprodução simulada do dia em que a empresária Jamile de Oliveira Correia foi baleada não determinou quem foi o autor do disparo que causou a morte da mulher, no Bairro Meireles, em Fortaleza.

O exame de comprovação balística feito pela Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) comprovou que o projétil que matou a empresária cearense Jamile de Oliveira Correia saiu da arma do advogado e namorado. Porém, o resultado da simulação aponta que “os materiais colhidos não são suficientes para concluir se o tiro partiu do namorado de Jamile, o advogado Aldemir Pessoa Junior, ou da própria empresária”.

A empresária foi baleada no dia 29 de agosto de 2019. A arma foi disparada durante uma discussão com o namorado no closet do apartamento de luxo onde morava. Aldemir Pessoa Júnior afirma que Jamile se matou com um tiro no peito.

Em 1º de setembro, a empresária foi sepultada e, um dia depois, a Polícia Civil começou a investigar o caso. As apurações começaram a apontar para um caso de feminicídio, cometido pelo advogado. A tese é defendida pela família de Jamile. Já o ex-companheiro da mulher sustenta a versão de suicídio.

Depoimentos
Em depoimento, o filho adolescente de Jamile afirmou que ouviu barulhos durante a discussão do casal no apartamento e se escondeu, por isso não soube precisar quem segurava a arma e quem foi responsável pelo disparo. Ele também afirmou que Aldemir Pessoa agredia a empresária com frequência.

Depois do caso, o advogado passou a ser investigado por suspeita de feminicídio após a família da empresária afirmar que o namorado tem interesse na herança da vítima. Semanas antes de morrer, Jamile havia assinado uma procuração autorizando o namorado a administrar a herança que ela havia recebido do marido, morto em um acidente de trânsito em 2017.

Os advogados de Aldemir Pessoa Júnior, disseram, à época da morte, que ele já encontrou a vítima com a arma na mão para se suicidar. Segundo um dos advogados, a empresária se trancou no closet, quando ele arrombou a porta e a encontrou com a arma na mão dizendo que iria se matar. Disse ainda que não conseguiu evitar que ela atirasse em si própria.

“Foi nos relatado pelo Aldemir que momentos antes ele tinha parado num posto de gasolina, e antes, nesse caminho ela tinha tentado descer do carro. Ele teria pego e teria puxado e a porta teria batido no rosto dela”, contam os advogados.

Veja a conclusão do exame:
Fundamentado no exposto, nas informações sistematicamente descritas, nos relatos coligidos durante a reprodução simulada, nos elementos do conjunto estático e dinâmico do local, nas análises realizadas quanto à direção e ângulo da arma no momento do disparo, nas possibilidades de empunhadura da pistola, nas provas materiais existentes nos laudos periciais relacionados, nas características físicas do Sr. Aldemir e da Sra. Jamile, de acordo com os elementos de convicção técnico-científicos, estes peritos criminais informam ter havido no local analisado, um disparo de arma de fogo que vitimou a Sra. Jamile de Oliveira Correia atingindo sua região precordial, cujos elementos materiais não são suficientes para determinar se o disparo da pistola em referência ocorreu de forma intencional, por parte do Sr. Aldemir ou da Sra. Jamile, ou acidental quando da disputa pelo controle da arma de fogo.

(G1 CE)

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