Transmitida pelo mosquito palha, a leishmaniose visceral (LV), também conhecida como calazar, já fez 10 vítimas humanas fatais no Ceará somente em 2017. De acordo com a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), já são 157 casos confirmados no Estado, estando a doença presente em quase todos os municípios.
A médica veterinária e assessora técnica do Grupo de Leishmanioses do Núcleo de Controle de Vetores (Nuvet) da Sesa, Ana Paula Bouty, explica que a leishmaniose está disseminada e passa por uma urbanização desde a década de 80. “Isso ocorre devido ao crescimento desordenado da cidade e as transformações ambientais, então, hoje, a gente encontra o mosquito do calazar em todos os bairros de Fortaleza e em quase todos os municípios do Ceará”.
Ela lembra que o mosquito palha é atraído pelo lixo em decomposição. “Uma das formas de prevenir é com limpeza, não deixando os resíduos de matéria entrarem em decomposição, acondicionando e dando destino correto ao lixo”, destaca Ana Paula.
A transmissão da leishmaniose visceral ocorre por meio da picada do mosquito palha, que introduz no hospedeiro o protozoário causador. Dessa forma, o mosquito pode transportar a doença ao picar um animal doente e picar um ser humano.
Animais
O secretário do Meio Ambiente, Artur Bruno, destaca a parceria com órgãos protetores para reduzir o número de animais em situação de abandono, o que contribui para controlar a doença. “O animal abandonado tem muito mais possibildiade de adoecer e inclusive essa doença chegar aos seres humanos do que o animal doméstico que é cuidado dentro de casa, levado para clínicas”
Para isso, ele destaca o trabalho da Sema realizando campanhas contra o abandono, crime conforme a Lei 9605/98, e campanhas de adoção de animais e de castração em parceria com o curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (UECE).
Sintomas
De acordo com Ana Paula, os principais sintomas da doença nos humanos são febre alta, falta de apetite e perda de peso. Em casos mais avançados, a pessoa infectada também pode apresentar aumento da região do abdômen devido ao crescimento do baço e do fígado. “Um dos primeiros sintomas que aparecem é uma febre alta de sete dias e que não regride com medicamento”, frisa Ana Paula.
“A gente sempre recomenda que, se a pessoa mora em uma região que ela já tenha tomado conhecimento de que há casos de leishmaniose e está apresentando esses sintomas, que ela procure a unidade de saúde mais próxima. O tratamento para o humano é gratuito e tem como hospital de referência o São José”, ressalta a médica veterinária da Sesa.
Alguns desses sintomas também aparecem no animal infectado, segundo Ana Paula. “Ele também tem perda de peso e perda de apetite. O animal pode ainda apresentar queda de pelos, lacrimejamento, lesões no focinho e na ponta das orelhas e também pode ter feridas pelo corpo, distenção do abdômen e crescimento acelerado das unhas”, detalha.
Para o animal, ela destaca que o tratamento não cura, levando apenas a uma melhora no estado clínico e na carga parasitária. No ano passado, o Ministério da Saúde aprovou o tratamento da leishmaniose visceral canina. Entretanto, Ana Paula destaca que “não é o recomendado, porque ainda não é uma medida de prevenção de saúde pública.
“Como não tem cura no animal, ele continua sendo um risco para o ser humano mesmo com o tratamento, que é bastante caro. A recomendação é eutanasiar, porque ele continua representando fonte de infecção ao ser humano”, avalia Ana Paula.
Fonte: Diário do Nordeste