Matar o próprio filho e tentar matar também o marido, ambos envenenados. A educadora física Cristiane Renata Coelho foi condenada a 32 anos de prisão, pelo Conselho de Sentença da 3ª Vara do Júri, ontem, por ter cometido os dois crimes, no dia 10 de novembro de 2014, em um episódio policial que teve uma grande reviravolta. A ré cumprirá a pena em regime fechado e não poderá apelar em liberdade.
O julgamento, realizado no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza, começou por volta de 9h30 e terminou às 21h30. O júri popular votou pela condenação e o juiz proferiu a sentença da ré pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (motivação torpe, uso de veneno e uso de meio que impossibilitou a defesa da vítima) do menino Lewdo Ricardo Coelho Severino, de 8 anos de idade, e de tentativa de homicídio ao tenente do Exército Brasileiro Francilewdo Bezerra Severino.
Cristiane Renata pediu dispensa do julgamento, alegando más condições psicológicas. Cinco testemunhas foram arroladas para serem interrogadas, mas uma delas, um perito da Perícia Forense do Ceará (Pefoce), foi dispensado da sessão por causa de um atestado médico.
As outras quatro testemunhas foram interrogadas. Entre elas estavam Francilewdo Bezerra, o ex-marido da ré, pai da criança morta e sobrevivente do crime passional; o delegado de Polícia Civil Wilder Brito, responsável pela investigação do caso; e outro perito da Pefoce que analisou o material apreendido. O tenente Francilewdo compareceu à sessão acompanhado de familiares e afirmou que queria “passar a vida a limpo” com a condenação da sua ex-cônjuge. O militar contou que conseguiu voltar à vida normal que tinha antes do crime familiar, apesar da saudade do filho.
Testemunhas
Diante do júri popular, o tenente Francilewdo contou sobre o relacionamento com Cristiane Renata, que durou 12 anos, e descreveu a rotina do casal, com dois filhos autistas. O militar ainda afirmou que a ex-esposa sofria de doenças psicológicas e havia tentado tirar a própria vida com uma arma e com superdoses de remédios controlados.
Na noite do crime, Francilewdo tinha feito compras em um supermercado e havia se deitado em uma rede para assistir futebol americano. Essa é a última lembrança dele referente àquele dia. O militar despertou cerca de cinco dias depois, em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e soube nos dias seguintes do que havia acontecido e que estava sendo acusado pela cônjuge por matar o filho do casal, espancá-la e tentar matá-la com medicação controlada, além de tentar cometer suicídio.
A reviravolta do caso se deu devido à investigação comandada pelo delegado Wilder Brito, que foi chamado para ser ouvido pelo júri em seguida. Ele contou que estranhou a versão de Cristiane, primeiramente, porque a carta que Francilewdo Bezerra teria deixado escrita, antes de tentar cometer o suposto suicídio, não parecia ser escrita por um homem, ainda mais militar, e sim por uma mulher, pois era “muito melosa”.
Segundo o delegado, os vizinhos e amigos do casal começaram a estranhar a frieza da mulher, e ela se preocupava mais em acusar o ex-marido do que lamentar a morte do filho. Mas o ponto alto da reviravolta se deu quando uma suposta postagem de Francilewdo no Facebook foi editada na manhã seguinte à noite fatídica, enquanto o suspeito na época estava em coma induzido, no hospital. A ex-esposa tinha acesso às redes sociais dele.
Fonte: Diário do Nordeste