Mesmo com a flexibilização do decreto de isolamento social, a partir do qual foi permitida a retomada parcial de atividades não essenciais, continua alto o número de pessoas diagnosticadas com Covid-19 que aguardam vagas em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Ceará. Às 13h33 desta segunda-feira (12), havia 576 pacientes à espera de um leito do tipo, segundo dados da plataforma IntegraSUS, da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
Epidemiologista e professor na Universidade Federal do Ceará (UFC), Luciano Pamplona argumenta que, apesar da tendência de queda no número de casos de Covid-19 no território cearense, a resposta na ocupação de leitos UTI é mais lenta.
Uma das justificativas é que existem leitos para atender a diferentes demandas de pacientes, sejam adultos, crianças ou gestantes, por exemplo. Por isso, nem sempre há leito disponível para determinado público quando este necessita.
Outra explicação, pontua, é que o tempo de permanência da população mais jovem nos leitos hospitalares “é muito alto”. Consequentemente, a rotatividade no ambiente hospitalar é mais lenta. Boletins da Sesa corroboram que as internações por Covid na segunda onda estão 73% mais longas que na primeira.
Pamplona estima que são necessárias cerca de duas semanas para traçar uma avaliação mais precisa dos reais efeitos da suspensão do lockdown. “Entre pegar a doença, transmiti-la e precisar do leito de UTI, são 10 a 15 dias de intervalo. É na segunda semana que o paciente fica mais grave e precisa de internação. Então, a gente vai precisar [desse tempo] para ver isso”.